segunda-feira, novembro 22, 2010

Dois Diálogos

Eu era tão tola...
E já passou tanto tempo, por quê vocês continuam aqui?
Você que é sem rosto?
Você, minha primeira paixão.
Eu era uma menina, brincando de adulta, o que eu sabia da vida?
Quando você chegou o medo me invadiu, o que eu sabia sobre você?
Eu tão você e você tão eu. Seria assim?
Você escancarou a mulher em mim, trouxe ela a tona, transbordando paixão!
Desculpa, eu era sim uma mulher, ingênua, eu não sabia, no fundo ainda achava uma menina.
Eu descobri o desejo, o tesão, o arrepio na pele... ah você!
Eu conheci o desespero, agi por impulso.
Eu sei, não tem desculpa.
Com você eu ruborizava, sempre tão tímida.
Ainda sou um pouco assim, serei ainda um pouco menina?
Você estava aqui, pela primeira vez, tão unido a mim, tão meu, só meu...
E você aí, tão fora de mim, tão distante!
A boca macia deslizando na minha, meu corpo amolecendo.
Você segurando meu braço com força.
Como seria teu toque?
Eu fui até as nuvens, caí de lá sozinha?
Quantas noites em êxtase! Quanta inconsequência!
Que delícia de sensação!
Você sussurando em meu ouvindo, cheirando meu pescoço.
Nunca foram as palavras que eu queria.
Qual teu cheiro?
Quantas noites abandonada.
A noite que te abandonei... eu fui ao chão! Levantaria?
O que teria sido? Não podia ter você, não podia!
Eu não conseguia mais, você sabia.
Eu arranquei você de mim, como uma cólica dolorosa, precisei me encolher. Eu estava sozinha.
Arranquei? Será que ainda sou aquela menina tão ingênua!
Não, você foi aos poucos, o tempo foi te apagando.
Meu coração se partiu, pequenos pedaços.
Qual pedaço é você?
Queria te resgatar em mim, não consigo, cade você?
Eu que andei flutuando!
Me arrastei!
Eu fui tão impulsiva, mas isso vocês sabem.
Vocês me mudaram tanto.
Quem sou eu afinal?
Ainda sonho como você, sabia?
Te imagino, conheço tua voz, teu sorriso, teu amor.
Será que ele se parece com você?
Tantas coisas que hoje eu gostaria de te dizer, mas não te conheço, você não está aqui...
Perdão, deveria ter lhe dito, mas não consegui, fui tão covarde, fui tão infantil...
Tinha receio que você me odiasse.
Você teria me amado?
Você me odeia?
Perdão, você.
Vou sentir você novamente em mim?
O que sinto hoje já não é o mesmo. Aquela paixão pode voltar?
Por você ainda choro, chorarei até o fim?
Não, por você já chorei demais, achei até que a dor jamais passaria...
Você me apresentou o vazio.
A dor passou. Já a solidão, bem essa as vezes vem e me acompanha.
Por vezes tenho a sensação que se eu fizer um esforço posso tocá-la.
Hoje não.
Só um instante, será que a dor realmente passou?
E eu era sim tão criança...
Mas vocês não saem de mim...

Vocês, meus maiores erros?

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