Melancólica...
Saudade de ti. Saudade do agora, saudade do que perdemos, saudade do que vivemos.
Te conheço há tantos anos. E você ainda tão confuso em mim. Tem um você que amo tanto que me sinto sufocando. Outros você, em tantos períodos da minha vida, não sei, me perdi. E naqueles que você não estava, mesmo assim, nunca te esqueci.
Vejo fotos antigas, sorrio pra você.
Teus olhos azuis pequeninhos. Sua pele clara, posso brincar de seguir os trajetos de suas veias. Onde elas levarão? Que caminhos me levam a você? Aquele você, da foto já desbotando. Você, o homem que mais sinto saudade.
Sim, eu sei onde você mora, seu telefone, até sei um pouco da sua rotina. Você, geograficamente tão perto. Existe distância maior que essa? Não sei te acessar e você está aqui.
Por quê brigamos tanto no passado? Queria brigar agora! Talvez nos resgatar, o nós perdido. Será porque na verdade somos tão parecidos.
Olho no espelho, sou você. Minha mão é tão tua.
Demorei algum tempo para te entender. Será que você me entende? Será que eu realmente passei a te entender?
E será que o entendimento nos faz livres dos sentimentos?
O abandono... você foi embora e eu não entendi o porquê. Mas você ainda está aqui. Quem vai compreender?
Amo sua inteligência, seu jeito desastrado, como você dirige mal! Amo você mesmo brabo, o rosto ruborizado. Amo sua boca curvada para baixo que dá a você essa expressão triste. Adoro quando você se empolga e fala alto e gesticula engraçado.
Quantas cartas de amor te escrevi! Todas guardadas em uma caixa de sapatos. Eu sei.
Odeio o teu abraço distante, tua dificuldade de lidar com os afetos. Queria te puxar pra mim! Odeio quando me liga com a voz trêmula, meio sem jeito de falar comigo, poxa... comigo! Odeio quando não me inclui na tua vida, eu sou tua afinal!
Odeio essa barreira, quem colocou esse negócio entre nós?
Saudade de deitar em tua barriga, de ficar acordada até tarde só te vendo trabalhar. Você é como eu, ou eu sou como você... gosta do silêncio da noite, onde você só encontra você. Saudade da minha cama que arrumava ao lado da tua. Nossas aulas de brincadeira, nossos jogos de cartas ou tabuleiro até a madrugada, os nosso aniversários sem fim. Saudade das tuas idéias malucas para virar um milionário.
Alguns anos atrás, eu com uma rosa na mão, procurando um rosto na multidão. Lá estava você. Como foi bom te ver. Parti quase correndo em tua direção, já com lágrimas nos olhos, eu e você. Foi tão bom te abraçar e te sentir tão perto de mim. O choro preso na garganta. Nós sem palavras. Não importava. Nem sempre as palavras são necessárias. Era novamente eu e você e só.
E ali, na missa da minha formatura eu entendi.
Eu sei pai, não precisa falar. Também te amo.
Tua 'Mana'
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