Mal cheguei em casa e saí.
Fiquei apreensiva, telefonei para amigas.
Chorei, fiquei angustiada.
Passei lápis nos olhos, pisquei para mim.
Achei que precisaria de máscaras.
Peguei cerveja no Posto.
Encontrei amigos, conhecidos e pessoas de quem apenas tinha ouvido falar.
Conheci desconhecidos.
Já fui tantas vezes onde fui mas é sempre um outro lugar.
Bebi um chopp.
Acendi um cigarro.
Amei minhas unhas vermelhas, mãos e pés.
Uma pessoa fui para encontrar, outras sabia estariam lá. Outros me preparei para encontrar. Alguns uma adorável surpresa.
Revi o sorriso doce e acolhedor da minha paraninfa. Que bom que você estava lá!
Abracei tantos!
Abracei quem amo.
Bebi dois chopps.
Pedi uma música.
Ouvi Raul.
Pensei se ele realmente já tomou banho de chapéu alguma vez.
Lembrei eu criança querendo tomar banho com um guarda chuva.
Dancei!
Cantei alto, cantei para mim, cantei com amigos. Cantei músicas que não sabia a letra.
Falei besteira.
Ouvi besteiras.
Conversei sobre a minha vida.
Breves diálogos sobre medicina.
Recebi um elogio sobre o que escrevo.
Me envaideci.
Bebi três chopps e mais um cigarro.
Olhei as estrelas.
Ri sozinha.
Entendi algumas coisas sob outra perspectiva.
Falei mal de alguém.
Falei por falar.
Falei por sentir.
Vi jovens felizes, comemorando suas conquistas.
Senti a felicidade deles.
Ouvi que estava linda.
Me senti linda.
Experimentei a vaidade.
Aprendi a usar uma máquina de chopp!
Pensei em contar uma mentira.
Me senti um pouco tonta.
Perdi a conta dos chopps.
Ouvi confidências de um amigo.
Ri sem motivo.
Gargalhei. Senti minha barriga doer e lágrimas escorrerem dos meus olhos.
Fui um pouco provocativa.
Ouvi as risadas que mais adoro.
Olhei nos olhos de alguém que amo muito.
Pensei nas máscaras que queria trazer, que bobagem.
Vi casais que se amam.
Outros nem tanto assim.
Me senti tão eu.
Desfiz fantasias.
Ganhei um selinho.
Escutei uma banda maravilhosa.
Não tocaram todas as músicas que queria.
Não falei tudo que gostaria, mas e daí?
Fiquei trancada fora de casa.
E novamente eu ri.
Os cigarros acabaram.
Bebi uma coca bem gelada.
Fui mordida por um cachorro.
Mal dormi.
Vesti um jaleco que não era meu.
Preparei uma anestesia.
Dei a notícia a uma jovem que ela seria mãe.
Vi a Nicole nascer.
Fui paciente de um pequeno procedimento cirurgico.
Senti dor e seu alívio.
Fiquei um pouco rouca, falei tanto assim?
Liguei para minha mãe.
Peguei carona com meu padrasto.
Senti saudade de meus irmãos.
Tomei um banho e doze horas chegaram ao fim.
Ah vida, as vezes me pergunto tanto, por que estou aqui?
E 'você', com apenas algumas horas, me invade de sentido.
Afinal, 'você' é simples assim...
sexta-feira, dezembro 17, 2010
domingo, dezembro 12, 2010
O Telefonema
Olhava pela janela de seu apartamento a cidade que aos poucos adormecia. A noite era quente, o céu estrelado. Vestia uma calcinha preta e uma regata branca. Ouvia o barulho da televisão ligada, não percebia os diálogos. A TV trazia rajadas de cores a sala escura. A luz apagada.
Esticou a mão para alcançar a carteira de cigarros. Impaciente não localizou o isqueiro. Deteve-se por alguns instantes em sua sala. Suspirando fundo, caminhou até a mesa central e pegou seu isqueiro preto. Acendeu o quinto cigarro da noite, na tentativa frustada de aliviar a ansiedade. Queria poder programar seu cérebro para se auto desligar. Sorriu com esse pensamento.
Voltou-se novamente para as luzes da cidade. Percebeu sua imagem refletida no vidro. Olhou em seus próprios olhos. Não sabia mais quem era. Lágrimas borraram sua visão. Com um rápido piscar de olhos sentiu elas descendo, aquecendo seu rosto.
Olhou o relógio, 2hs da manhã. Lembrou dos compromissos do dia seguinte. Queria fechar os olhos e acordar em outra vida. Não queria viver o dia de amanhã. Não queria ter vivido o dia de hoje.
O telefone tocou tirando ela de seus devaneios. Uma descarga de adrenalina invadiu seu corpo. Sentiu o coração acelerar, quase podia ouvi-lo bater em seu peito. A respiração tornou-se ofegante, suas pupilas dilataram-se. Sentiu as mãos suadas.
_ Oi, atendeu com a voz um pouco trêmula.
_ Oi, acordada?
Instantes de silêncio.
_ Saudade, disse baixinho a voz do outro lado da linha.
Quantas noites ela desejou receber esse telefonema. Ouvir sua voz. A voz que sussurrou amores e malícias em seu ouvido. A voz que imaginou que ouviria pelo resto de seus dias.
Desligou o telefone. Apertando ele com força contra seu peito. Tocou novamente. Não podia mais atender. Não podia mais ouvir sua voz. Eles tão íntimos, agora dois estranhos. A cama quente hoje fria. Dois voltava a ser um.
Quem era ele? Não sabia mais responder. Ele se transformou em tantos dentro dela que agora não sabia mais que parte dele estava ligando. Quem estava com saudade? Não havia ninguém. Apenas fragmentos de um alguém. Quem?
Jogou o telefone no sofá o sentou-se no chão. Acariciou com uma das mãos o tapete macio. Encolheu-se, abraçando as pernas. Chorou sozinha a sua dor. A dor lacinante que rasgava seu peito. Não era mais a perda de um amor. Era a dor do vazio.
A única saudade que sentia era dela mesma.
Adormeceu.
O som do despertador foi aos poucos invadindo seu sonho. Abriu os olhos. Sentou-se na cama sentindo o corpo cansado. Movimentou delicadamente a cabeça e o pescoço. Podia sentir novamente seus músculos. Saindo da cama, olhou-se no espelho. Seus pequenos olhos refletiam sua exaustão. Sorriu. Naquele instante não sabia exatamente o que queria. Mas sabia exatamente o que deveria fazer. Ser ela mesma.
segunda-feira, novembro 29, 2010
Coisas que um homem não pode saber até te amar muito
Desde então as lembranças mais sombrias minhas e de minhas amigas tem invadido minha mente. Refletindo sobre o assunto, coisas que um homem não pode saber até te amar muito, fiz uma coletânea mental pessoal e das pessoas que mais amo no mundo, elas, minhas companheiras por opção, minhas amigas! Transcrevo:
Eles (supondo aqui 'o homem!') não podem saber que apesar de você fazer esse estilo intelectual e quando questionada sobre seu gosto musical pisa em terra firme e responde orgulhosa pop-rock ou o clássico MPB. Quem não ama Chico Buarque? Mas que em suas tardes livres e sozinha curte mesmo aflorar seu lado negro e brega que vai desde Erasure até um singelo DVD de Sandy & Jr! Sem faltar um bom e melancólico sertanejo!
Que nem sempre você está com aquela calcinha mini e que talvez você até odeie usá-la e tem dias que acorda no melhor estilo Bridget Jones procurando desesperadamente a maior (e mais confortável) calcinha que você ousou comprar! E a rendinha dela pode até estar descosturando um pouco. E se por acaso você já descuidou, deu aquela passadinha básica no toilette e graciosamente esconde aquele 'monstro' na sua bolsa.
O mesmo ocorre com aquele amigo 'invisible bra' que deixa os seios lindos quando encoberto pela sua blusa, mas não aos olhos 'dele'. Item bastante abandonado nos toilettes nos dias de hoje! Sem citar aquela meia calça fantástica que modela sabem? Enfim...
Não cometa nunca a 'gafe' de contar pra 'ele' com quantos caras você já dormiu. Mesmo que você e suas amigas saibam que você não é promíscua (e mesmo que a Organização Mundial de Saúde insista) isso vai abalar e literalmente 'brochar' a confiança dele. O pensamento feminimo foi descrito fantasticamente por Tati Bernardi em uma frase: "Eu já achei que uma infinidade de namorados era THE ONE e eles não era nem o THE HUNDRED." Mas eles não entendem isso, então...
Nunca conte sobre os seus 'tragos', os famosos... aqueles que fazem você descer do salto! Refrescando memórias: quando você decidiu tomar banho nua na piscina e gritar (tudo ao mesmo tempo); dormiu com o chuveiro ligado e de roupas ou dormiu no banheiro de um bar; compartilhou o seu mais íntimo vômito com sua cachorra; correu de botas e nua pela praia; criou apelidos curiosos para as pessoas e nem todas gostaram muito do seu afeto; dançou funk e não satisfeita fotografou para registrar seu feito; mandou uma msg para o número errado, chamando ele de imbecil; dançou no balcão; 'atacou' o berçário; rodopiou freneticamente sem achar-se embriagada; fez xixi na roda de um carro (sério?)! E aqui vai uma lista sem fim...
Nunca conte que você só beijou aquele outro pra fazê-lo sentir ciúmes. Menos ainda confidencie que foi o pior beijo da sua vida e que sim, você queria morrer naquele instante.
Nunca conte que livros como 'Mulheres Superpoderosas' fazem parte da sua leitura de cabeceira.
Nunca conte que naquela noite você não estava se fazendo de difícil e sim você não estava depilada. Nunca ouse contar que na verdade você nem é tão difícil assim!
Nunca conte que na última janta com as amigas o assunto central foi seu 'pinto' e todas as suas minúcias.
Não fale nunca do dia que você fez xixi nas calças, rindo, rindo muito com uma grande amiga!
Não diga sobre aquela noite que foi um fracasso e ao chegar em casa tirou fotos fantasiada com sua amiga. Ou quando a noite foi um sucesso e tirou fotos descalça, sandálias na mão, vendo o nascer do sol, feliz!
Nunca confesse que depois 'daquele beijo' você já visualizou o véu e a grinalda e os lindos filhos de vocês.
Não conte sobre aquele surfista bronzeado que você acreditou um 'deus' e na noite seguinte te recebeu com um 'oi lôca, irado!'
Nunca diga que por mais que você ame a sua profissão, tem aqueles dias que você odeia as mulheres que resolveram um dia queimar seus sutiãs! Dias que você só queria ser uma dondoca.
Quando falar da sua orgia alimentar nunca especifique exatamente o que você comeu, muito menos a quantidade.
Nunca confesse que já passou na frente da casa dele só para se certificar que as luzes estavam acessas ou o carro dele estava na frente. Ou quando após você insistentemente ligar para o celular e não obter o tranquilizador 'oi' do outra lado da linha saiu descontroladamente correndo até o local onde ele trabalha para simplesmente confirmar com o porteiro (assustado nesse momento) que sim, ele estava lá.
Nunca desminta aquele dia que você supostamente estava na TPM e teve uma crise histérica e quebrou o teclado do computador na cabeça dele! Ou aquele dinheiro que você pediu emprestado para ajudar a comprar um livro e era na verdade para pagar a acupuntura do seu amado cachorro. Aliás, não diga que seu cachorrinho faz acupuntura!
Brincadeiras e memórias de lado, somos hoje uma mistura de tudo isso que vivemos. Amem suas estórias e seus 'micos'! E não vai ser devido a um 'xixizinho' que ele vai deixar de amá-la. E se isso ocorrer lembre sempre que você terá o ombro daquelas pessoas com quem você viveu e compartilhou sua vida.
Afinal, "Se a gente já não sabe mais rir um do outro meu bem, então o que resta é chorar" (não lembro o livro). E amigas, chorar não é para nós, mulheres superpoderosas!
Amo vocês!
quarta-feira, novembro 24, 2010
Pink Floyd
The Dark Side of the Moon é um álbum de 1973. Está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame e é o terceiro álbum mais vendido de todos os tempos no mundo inteiro! E o mais curioso é que quando o álbum é tocado simultaneamente com o filme O Mágico de Oz (1939), ocorrem algumas correspondências entre o filme e o álbum. Apesar dos integrantes da banda desmetirem tal fato. Algum outro motivo para você ainda não ter escutado?!
Aqui vai uma das minhas faixas favoritas. (http://www.youtube.com/watch?v=wOSm3V6aGSk) - se você escutar a versão original, o início da faixa começa com as batidas do coração.
Speak To Me - Breathe
Composição: Pink Floyd
Breathe
Breathe in the air.
Don't be afraid to care.
Leave but don't leave me.
Look around and choose your own ground.
Long you live and high you fly
And smiles you'll give and tears you'll cry
And all you touch and all you see
Is all your life will ever be.
Run, rabbit run.
Dig that hole, forget the sun,
And when at last the work is done
Don't sit down it's time to dig another one.
For long you live and high you fly
But only if you ride the tide
And balanced on the biggest wave
You race towards an early grave.
Home, home again.
I like to be here when I can.
When I come home cold and tired
It's good to warm my bones beside the fire.
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells.
Fonte: Wikipedia
Letra: By myself (pode ter erros!)
terça-feira, novembro 23, 2010
Saramago
Acordei Saramago! Não na destreza com as palavras, lógico. Mas na identificação principalmente com alguns de seus poemas. E lendo em parte entendi porque gostamos de escrever e lançar nossos pensamentos na tela do computador e mesmo compartilhar com amigos e até estranhos. Na tela em branco podemos ser qualquer personagem. Mas em todos eles há um pouco (ou muito) de nós. Ou quem sabe, como disse sabiamente uma querida amiga, escrever é uma forma de falararmos sozinhos sem parecermos loucos!
Aqui vai o texto e depois um de meus poemas preferidos.
"Escrever é traduzir. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua. Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional de signos, a escrita. E deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação a responsabilidade de fazer chegar à inteligência do leitor, não tanto a integridade da experiência que nos propusemos transmitir, mas uma sombra, ao menos, do que no fundo do nosso espírito sabemos bem ser intraduzível..."
Poema à boca fechada
Não direi: Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
Poema encontrado em: http://www.revista.agulha.nom.br/
Certeza
Melancólica...
Saudade de ti. Saudade do agora, saudade do que perdemos, saudade do que vivemos.
Te conheço há tantos anos. E você ainda tão confuso em mim. Tem um você que amo tanto que me sinto sufocando. Outros você, em tantos períodos da minha vida, não sei, me perdi. E naqueles que você não estava, mesmo assim, nunca te esqueci.
Vejo fotos antigas, sorrio pra você.
Teus olhos azuis pequeninhos. Sua pele clara, posso brincar de seguir os trajetos de suas veias. Onde elas levarão? Que caminhos me levam a você? Aquele você, da foto já desbotando. Você, o homem que mais sinto saudade.
Sim, eu sei onde você mora, seu telefone, até sei um pouco da sua rotina. Você, geograficamente tão perto. Existe distância maior que essa? Não sei te acessar e você está aqui.
Por quê brigamos tanto no passado? Queria brigar agora! Talvez nos resgatar, o nós perdido. Será porque na verdade somos tão parecidos.
Olho no espelho, sou você. Minha mão é tão tua.
Demorei algum tempo para te entender. Será que você me entende? Será que eu realmente passei a te entender?
E será que o entendimento nos faz livres dos sentimentos?
O abandono... você foi embora e eu não entendi o porquê. Mas você ainda está aqui. Quem vai compreender?
Amo sua inteligência, seu jeito desastrado, como você dirige mal! Amo você mesmo brabo, o rosto ruborizado. Amo sua boca curvada para baixo que dá a você essa expressão triste. Adoro quando você se empolga e fala alto e gesticula engraçado.
Quantas cartas de amor te escrevi! Todas guardadas em uma caixa de sapatos. Eu sei.
Odeio o teu abraço distante, tua dificuldade de lidar com os afetos. Queria te puxar pra mim! Odeio quando me liga com a voz trêmula, meio sem jeito de falar comigo, poxa... comigo! Odeio quando não me inclui na tua vida, eu sou tua afinal!
Odeio essa barreira, quem colocou esse negócio entre nós?
Saudade de deitar em tua barriga, de ficar acordada até tarde só te vendo trabalhar. Você é como eu, ou eu sou como você... gosta do silêncio da noite, onde você só encontra você. Saudade da minha cama que arrumava ao lado da tua. Nossas aulas de brincadeira, nossos jogos de cartas ou tabuleiro até a madrugada, os nosso aniversários sem fim. Saudade das tuas idéias malucas para virar um milionário.
Alguns anos atrás, eu com uma rosa na mão, procurando um rosto na multidão. Lá estava você. Como foi bom te ver. Parti quase correndo em tua direção, já com lágrimas nos olhos, eu e você. Foi tão bom te abraçar e te sentir tão perto de mim. O choro preso na garganta. Nós sem palavras. Não importava. Nem sempre as palavras são necessárias. Era novamente eu e você e só.
E ali, na missa da minha formatura eu entendi.
Eu sei pai, não precisa falar. Também te amo.
Tua 'Mana'
Saudade de ti. Saudade do agora, saudade do que perdemos, saudade do que vivemos.
Te conheço há tantos anos. E você ainda tão confuso em mim. Tem um você que amo tanto que me sinto sufocando. Outros você, em tantos períodos da minha vida, não sei, me perdi. E naqueles que você não estava, mesmo assim, nunca te esqueci.
Vejo fotos antigas, sorrio pra você.
Teus olhos azuis pequeninhos. Sua pele clara, posso brincar de seguir os trajetos de suas veias. Onde elas levarão? Que caminhos me levam a você? Aquele você, da foto já desbotando. Você, o homem que mais sinto saudade.
Sim, eu sei onde você mora, seu telefone, até sei um pouco da sua rotina. Você, geograficamente tão perto. Existe distância maior que essa? Não sei te acessar e você está aqui.
Por quê brigamos tanto no passado? Queria brigar agora! Talvez nos resgatar, o nós perdido. Será porque na verdade somos tão parecidos.
Olho no espelho, sou você. Minha mão é tão tua.
Demorei algum tempo para te entender. Será que você me entende? Será que eu realmente passei a te entender?
E será que o entendimento nos faz livres dos sentimentos?
O abandono... você foi embora e eu não entendi o porquê. Mas você ainda está aqui. Quem vai compreender?
Amo sua inteligência, seu jeito desastrado, como você dirige mal! Amo você mesmo brabo, o rosto ruborizado. Amo sua boca curvada para baixo que dá a você essa expressão triste. Adoro quando você se empolga e fala alto e gesticula engraçado.
Quantas cartas de amor te escrevi! Todas guardadas em uma caixa de sapatos. Eu sei.
Odeio o teu abraço distante, tua dificuldade de lidar com os afetos. Queria te puxar pra mim! Odeio quando me liga com a voz trêmula, meio sem jeito de falar comigo, poxa... comigo! Odeio quando não me inclui na tua vida, eu sou tua afinal!
Odeio essa barreira, quem colocou esse negócio entre nós?
Saudade de deitar em tua barriga, de ficar acordada até tarde só te vendo trabalhar. Você é como eu, ou eu sou como você... gosta do silêncio da noite, onde você só encontra você. Saudade da minha cama que arrumava ao lado da tua. Nossas aulas de brincadeira, nossos jogos de cartas ou tabuleiro até a madrugada, os nosso aniversários sem fim. Saudade das tuas idéias malucas para virar um milionário.
Alguns anos atrás, eu com uma rosa na mão, procurando um rosto na multidão. Lá estava você. Como foi bom te ver. Parti quase correndo em tua direção, já com lágrimas nos olhos, eu e você. Foi tão bom te abraçar e te sentir tão perto de mim. O choro preso na garganta. Nós sem palavras. Não importava. Nem sempre as palavras são necessárias. Era novamente eu e você e só.
E ali, na missa da minha formatura eu entendi.
Eu sei pai, não precisa falar. Também te amo.
Tua 'Mana'
segunda-feira, novembro 22, 2010
Dois Diálogos
Eu era tão tola...
E já passou tanto tempo, por quê vocês continuam aqui?
Você que é sem rosto?
Você, minha primeira paixão.
Eu era uma menina, brincando de adulta, o que eu sabia da vida?
Quando você chegou o medo me invadiu, o que eu sabia sobre você?
Eu tão você e você tão eu. Seria assim?
Você escancarou a mulher em mim, trouxe ela a tona, transbordando paixão!
Desculpa, eu era sim uma mulher, ingênua, eu não sabia, no fundo ainda achava uma menina.
Eu descobri o desejo, o tesão, o arrepio na pele... ah você!
Eu conheci o desespero, agi por impulso.
Eu sei, não tem desculpa.
Com você eu ruborizava, sempre tão tímida.
Ainda sou um pouco assim, serei ainda um pouco menina?
Você estava aqui, pela primeira vez, tão unido a mim, tão meu, só meu...
E você aí, tão fora de mim, tão distante!
A boca macia deslizando na minha, meu corpo amolecendo.
Você segurando meu braço com força.
Como seria teu toque?
Eu fui até as nuvens, caí de lá sozinha?
Quantas noites em êxtase! Quanta inconsequência!
Que delícia de sensação!
Você sussurando em meu ouvindo, cheirando meu pescoço.
Nunca foram as palavras que eu queria.
Qual teu cheiro?
Quantas noites abandonada.
A noite que te abandonei... eu fui ao chão! Levantaria?
O que teria sido? Não podia ter você, não podia!
Eu não conseguia mais, você sabia.
Eu arranquei você de mim, como uma cólica dolorosa, precisei me encolher. Eu estava sozinha.
Arranquei? Será que ainda sou aquela menina tão ingênua!
Não, você foi aos poucos, o tempo foi te apagando.
Meu coração se partiu, pequenos pedaços.
Qual pedaço é você?
Queria te resgatar em mim, não consigo, cade você?
Eu que andei flutuando!
Me arrastei!
Eu fui tão impulsiva, mas isso vocês sabem.
Vocês me mudaram tanto.
Quem sou eu afinal?
Ainda sonho como você, sabia?
Te imagino, conheço tua voz, teu sorriso, teu amor.
Será que ele se parece com você?
Tantas coisas que hoje eu gostaria de te dizer, mas não te conheço, você não está aqui...
Perdão, deveria ter lhe dito, mas não consegui, fui tão covarde, fui tão infantil...
Tinha receio que você me odiasse.
Você teria me amado?
Você me odeia?
Perdão, você.
Vou sentir você novamente em mim?
O que sinto hoje já não é o mesmo. Aquela paixão pode voltar?
Por você ainda choro, chorarei até o fim?
Não, por você já chorei demais, achei até que a dor jamais passaria...
Você me apresentou o vazio.
A dor passou. Já a solidão, bem essa as vezes vem e me acompanha.
Por vezes tenho a sensação que se eu fizer um esforço posso tocá-la.
Hoje não.
Só um instante, será que a dor realmente passou?
E eu era sim tão criança...
Mas vocês não saem de mim...
Vocês, meus maiores erros?
E já passou tanto tempo, por quê vocês continuam aqui?
Você que é sem rosto?
Você, minha primeira paixão.
Eu era uma menina, brincando de adulta, o que eu sabia da vida?
Quando você chegou o medo me invadiu, o que eu sabia sobre você?
Eu tão você e você tão eu. Seria assim?
Você escancarou a mulher em mim, trouxe ela a tona, transbordando paixão!
Desculpa, eu era sim uma mulher, ingênua, eu não sabia, no fundo ainda achava uma menina.
Eu descobri o desejo, o tesão, o arrepio na pele... ah você!
Eu conheci o desespero, agi por impulso.
Eu sei, não tem desculpa.
Com você eu ruborizava, sempre tão tímida.
Ainda sou um pouco assim, serei ainda um pouco menina?
Você estava aqui, pela primeira vez, tão unido a mim, tão meu, só meu...
E você aí, tão fora de mim, tão distante!
A boca macia deslizando na minha, meu corpo amolecendo.
Você segurando meu braço com força.
Como seria teu toque?
Eu fui até as nuvens, caí de lá sozinha?
Quantas noites em êxtase! Quanta inconsequência!
Que delícia de sensação!
Você sussurando em meu ouvindo, cheirando meu pescoço.
Nunca foram as palavras que eu queria.
Qual teu cheiro?
Quantas noites abandonada.
A noite que te abandonei... eu fui ao chão! Levantaria?
O que teria sido? Não podia ter você, não podia!
Eu não conseguia mais, você sabia.
Eu arranquei você de mim, como uma cólica dolorosa, precisei me encolher. Eu estava sozinha.
Arranquei? Será que ainda sou aquela menina tão ingênua!
Não, você foi aos poucos, o tempo foi te apagando.
Meu coração se partiu, pequenos pedaços.
Qual pedaço é você?
Queria te resgatar em mim, não consigo, cade você?
Eu que andei flutuando!
Me arrastei!
Eu fui tão impulsiva, mas isso vocês sabem.
Vocês me mudaram tanto.
Quem sou eu afinal?
Ainda sonho como você, sabia?
Te imagino, conheço tua voz, teu sorriso, teu amor.
Será que ele se parece com você?
Tantas coisas que hoje eu gostaria de te dizer, mas não te conheço, você não está aqui...
Perdão, deveria ter lhe dito, mas não consegui, fui tão covarde, fui tão infantil...
Tinha receio que você me odiasse.
Você teria me amado?
Você me odeia?
Perdão, você.
Vou sentir você novamente em mim?
O que sinto hoje já não é o mesmo. Aquela paixão pode voltar?
Por você ainda choro, chorarei até o fim?
Não, por você já chorei demais, achei até que a dor jamais passaria...
Você me apresentou o vazio.
A dor passou. Já a solidão, bem essa as vezes vem e me acompanha.
Por vezes tenho a sensação que se eu fizer um esforço posso tocá-la.
Hoje não.
Só um instante, será que a dor realmente passou?
E eu era sim tão criança...
Mas vocês não saem de mim...
Vocês, meus maiores erros?
terça-feira, novembro 16, 2010
O Príncipe do Cavalo do Branco
Há muito tempo atrás em uma terra distante...
E essa frase complicou o aqui e o agora.
O príncipe nunca se pareceu mais com um sapo que hoje em dia. E por mais que você beije, o sapo é cada vez mais sapo.
As mudanças de nossa sociedade cada vez mais sobrexigente, modificou tanto homens e mulheres que se antes a compreensão era difícil, hoje nossa interação mesmo invadida por tantas formas de comunicação é cada vez mais confusa.
Os homens da atualidade nunca estiveram tão em contato com seu 'lado feminimo'. Abriram mão de sua 'ogrisse' e se sentem perfeitamente a vontade de usar um corretivo em plena luz do sol e sua pele, antes mais grossa e forte para aguentar as interpéries de sua função como homem, hoje pode ser mais macia que a sua.
E nós mulheres buscando nosso lado masculino, nossa agressividade, nossa independência tanto financeira quanto emocional, vestimos calças e usamos tênis. Sob protestos algumas vezes, tenho que dizer.
Porém, há uma visão distorcida dessa mudança.
A história infantil mais se parece com uma princesa que teve de rasgar seu vestido para descer a torre sozinha, se esconde esperando o príncipe chegar para pelo menos ele matar o dragão. O príncipe chega, não mais em um cavalo branco, já virou um gateado mesmo, manco e velho. O príncipe se assusta tanto quanto a princesa com o dragão. E agora, minha amiga, sua estória poderá ter três desfechos principais. A primeira é que ele vai embora, porque afinal de contas há de haver outra princesa de mais fácil acesso. A segunda é você respirar fundo e ajudar seu príncipe a matar o dragão e rezar para o resultado ser positivo. E a terceira é você ser a felizarda e seu príncipe ainda ser aquele, apesar de não mais com seu cavalo branco, o que mata o dragão e vem te resgatar! A parte de te salvar na torre, já está querendo demais!
Deixando a questão metafórica e filosófica de lado, voltemos a nossa realidade! O cerne da questão hoje é mais uma confusão de valores do que de papéis para homens e mulheres. A preocupação excessiva com o 'eu' está sendo confundida com egoísmo. Mas afinal, ainda vivemos em sociedade, lembra? A bandeira levantada de que não posso fazer nada que me agrida confundida com a total e completa falta de respeito com o outro. A sensibilidade das pessoas não significa que você tem em sua testa a frase 'eu sou confuso'. E não, não é só você que importa! As pessoas hoje se preocupam mais com a reciclagem do lixo e a preservação do planeta do que com a reciclagem e preservação de relações humanas. Se angustiam mais em descartar plástico do que em descartar pessoas. Sentimentos banalizados porque é tão fácil dizer, mas onde foi parar o sentir? O sentir foi normatizado e os sentimentos modulados. Eu gosto, eu amo, eu sinto saudade... não, não, não, ainda é muito cedo para eu sentir essas coisas. Eu gosto, eu amo, eu sinto saudade... na verdade não é nada disso, mas o que que tem? Que mal eu dizer isso fará para mim?
E no meio a toda essa confusão, nós mulheres ainda queremos a mesma coisa. O velho e obsoleto sentimento de proteção. Ainda queremos a nossa Fera ou o caçador quem vem nos salvar do lobo mau!
O que me leva a pensar que a espécie humana estaria rumando a extinção se não fossem as pessoas (mais sábias?) que não pensam em nada disso e assim garentem a nossa sobrevivência.
O mundo das pessoas pensantes virou o mais caótico dos mundos! E você ainda se acha inteligente... pois é! Vejo aqui duas opções. Uma mudança nos padrões de literatura infantil com abolição completa dos contos de fada ou...
Homens! Por favor, devolvam nossas maquiagens e voltem a ser homens com H (maiúsculo, enfatizo!). E você, querida amiga Bela Adormecida, acorda! E vai viver a vida!
Afinal, o que vocês querem?!
E essa frase complicou o aqui e o agora.
O príncipe nunca se pareceu mais com um sapo que hoje em dia. E por mais que você beije, o sapo é cada vez mais sapo.
As mudanças de nossa sociedade cada vez mais sobrexigente, modificou tanto homens e mulheres que se antes a compreensão era difícil, hoje nossa interação mesmo invadida por tantas formas de comunicação é cada vez mais confusa.
Os homens da atualidade nunca estiveram tão em contato com seu 'lado feminimo'. Abriram mão de sua 'ogrisse' e se sentem perfeitamente a vontade de usar um corretivo em plena luz do sol e sua pele, antes mais grossa e forte para aguentar as interpéries de sua função como homem, hoje pode ser mais macia que a sua.
E nós mulheres buscando nosso lado masculino, nossa agressividade, nossa independência tanto financeira quanto emocional, vestimos calças e usamos tênis. Sob protestos algumas vezes, tenho que dizer.
Porém, há uma visão distorcida dessa mudança.
A história infantil mais se parece com uma princesa que teve de rasgar seu vestido para descer a torre sozinha, se esconde esperando o príncipe chegar para pelo menos ele matar o dragão. O príncipe chega, não mais em um cavalo branco, já virou um gateado mesmo, manco e velho. O príncipe se assusta tanto quanto a princesa com o dragão. E agora, minha amiga, sua estória poderá ter três desfechos principais. A primeira é que ele vai embora, porque afinal de contas há de haver outra princesa de mais fácil acesso. A segunda é você respirar fundo e ajudar seu príncipe a matar o dragão e rezar para o resultado ser positivo. E a terceira é você ser a felizarda e seu príncipe ainda ser aquele, apesar de não mais com seu cavalo branco, o que mata o dragão e vem te resgatar! A parte de te salvar na torre, já está querendo demais!
Deixando a questão metafórica e filosófica de lado, voltemos a nossa realidade! O cerne da questão hoje é mais uma confusão de valores do que de papéis para homens e mulheres. A preocupação excessiva com o 'eu' está sendo confundida com egoísmo. Mas afinal, ainda vivemos em sociedade, lembra? A bandeira levantada de que não posso fazer nada que me agrida confundida com a total e completa falta de respeito com o outro. A sensibilidade das pessoas não significa que você tem em sua testa a frase 'eu sou confuso'. E não, não é só você que importa! As pessoas hoje se preocupam mais com a reciclagem do lixo e a preservação do planeta do que com a reciclagem e preservação de relações humanas. Se angustiam mais em descartar plástico do que em descartar pessoas. Sentimentos banalizados porque é tão fácil dizer, mas onde foi parar o sentir? O sentir foi normatizado e os sentimentos modulados. Eu gosto, eu amo, eu sinto saudade... não, não, não, ainda é muito cedo para eu sentir essas coisas. Eu gosto, eu amo, eu sinto saudade... na verdade não é nada disso, mas o que que tem? Que mal eu dizer isso fará para mim?
E no meio a toda essa confusão, nós mulheres ainda queremos a mesma coisa. O velho e obsoleto sentimento de proteção. Ainda queremos a nossa Fera ou o caçador quem vem nos salvar do lobo mau!
O que me leva a pensar que a espécie humana estaria rumando a extinção se não fossem as pessoas (mais sábias?) que não pensam em nada disso e assim garentem a nossa sobrevivência.
O mundo das pessoas pensantes virou o mais caótico dos mundos! E você ainda se acha inteligente... pois é! Vejo aqui duas opções. Uma mudança nos padrões de literatura infantil com abolição completa dos contos de fada ou...
Homens! Por favor, devolvam nossas maquiagens e voltem a ser homens com H (maiúsculo, enfatizo!). E você, querida amiga Bela Adormecida, acorda! E vai viver a vida!
Afinal, o que vocês querem?!
sexta-feira, novembro 12, 2010
O Fim
Eu abri a porta e você entrou.
Uma brincadeira de Orkut como pretexto para um reencontro. Uma ligação, deitada no chão do meu apartamento vazio, uma música do Led ao fundo. Qual era a a música?
Lembra que eu recém tinha saído da casa de meus pais, nem sofá tinha. Fogão emprestado do meu tio. Sem ele.. nossas jantas. As taças de 'sapinho', os copos de plástico, dois pratos, velas e nós bastava.
Lembra a cama que parcelei em 10x, atrasei parcelas, ela era nosso mundo. Mas nem a cama de solteiro era tão ruim assim. Dormíamos no espaço de um.
Lembra nós sentados na poltrona, eu em seu colo, rindo. Ríamos de que? Então você disse: eu te amo e eu gargalhei. Você não se importou e riu comigo. Rir juntos era talvez o nosso melhor.
A Valsa da minha formatura, a chuva de prata, pra você eu era a mais linda, simplesmente porque eu era sua.
Lembra o show do Nenhum de Nós, o empréstimo que fizemos, o pensamento, ah, depois pagamos.
O Cassino no inverno, nosso acampamento, a rede que você colocou em cima do córrego para eu dormir ouvindo o barulho da água.
Os almoços de domingo no meu plantão.
A paixão por LOST.
Lembra quando fomos a praia e eu dormi a tarde toda no carro, cansada e você ali, ao meu lado. Sem reclamar.
Lembra como chorei quando cheguei em nosso apartamento novo e todas as coisas estavam empilhadas, não tinha nem onde passar. Deitei na cama e você como sempre conseguiu me confortar e tornar aquele lugar em nosso. Até paredes pintamos. Ainda lembro os tons de verde.
Os planos do nosso casamento, na beira do lago, um dia lindo de primavera.
Eu lembro que com você eu podia ser criança e sempre me sentir mulher. Lembro como amava meu corpo, mesmo com suas imperfeições.
Lembro de fazer amor ouvindo Janis Joplin e me apaixonar de novo.
Mas a vida veio e nos mudou e os planos se afastaram. A mágoa nasceu invadindo o que antes era tão simples. As taças se quebraram..
Quando você foi viajar a última vez, eu sabia o fim. E parte de mim não queria que você fosse, lembra? Chorei, implorei, não vá! E vê-lo descer as escadas..
Coloquei todas as suas coisas em caixas de papelão. Que confusão, nós misturados em objetos, coisas que não sabiam se eram suas ou minhas. Eram nossas, afinal. Pensei em meu pai. Lembrei ele tirando seus livros também entrelaçados ao de minha mãe da estante. Eu criança, espiando, escondida. Telespectadora de uma vida a dois que chegava ao fim. E agora era minha vez.
Trouxe os móveis sob medida para um outro lugar, onde eles não se encaixam. Sentei em frente ao meu novo prédio, verde, coincidência e chorei, solucei, chamei atenção das pessoas. Eu sempre tão contida não consegui esconder minha dor, minha perda. O sentimento de derrota.
Não lembro nossas últimas palavras. Não sei quando a dor passou, nem quando parei de te amar.
Mas sei que fechei a porta.
segunda-feira, novembro 08, 2010
O lápis e a borracha
Se as escolhas da vida fossem tão simples como um lápis e uma borracha, nada mais faltaria. Escreveria minhas escolhas com a tranquilidade de que a borracha está ali ao alcance. Não funcinou, apaga, simples assim. Eu te desenharia e apagaria até ficar de meu gosto. Tuas palavras escritas, quando necessárias, apagadas, fácil assim. Meus erros, apagados. Teus erros apagados. As discordâncias, ah, só uma questão de concordância. Brigas... nada que uma mudança de pontuação não resolva. Desentendimentos viram perfeitamente entendidos com uma simples questão gramatical. Nossa língua é vasta. Um pretérito imperfeito pode virar mais do que perfeito. E o que é um posso inventar um coletivo. As dúvidas... aquele ponto ansioso de interrogação substituído pelo enfático ponto de exclamação! Precisaria mais uma caneta vermelha, para coisas eternas, sem direito a volta. E um marca texto para enfatizar o importante, o que não quero esquecer.
Conclui depois que assim como a vida, o apagado deixa sua marca, mesmo que se escreva em cima. É como uma cicatriz. Reescrever não apaga o apagado, camufla, mas ele está ali te provocando. E tal como um texto, um poema, um livro, não pode ser despido de sentimentos. E você é muito mais fascinante que o você que eu criei. O imprevisível é tão mais que o seguro. Os encontros só o são pela experiência do desencontro. O amor escrito só é entendido porque podemos senti-lo. O toque, o abraço, o beijo, os cheiros...
Entendi que se eu pudesse apagar tudo o que eu gostaria perderia tanto de mim e perderia tanto de tudo. Seria como escrever uma vida sem leitores pra ler.
Ainda bem que não te criei. Posso te colocar em minha caixinha de memórias e não poderei passar a borracha. Ou posso segurar tua mão e te convidar a escrever parte de nossas vidas juntos. Afinal ter escolhas é no fundo o melhor da vida.
Uma vida escrita em um papel se rasga, uma vida vivida se realiza. Quando a dois se eterniza.
segunda-feira, outubro 11, 2010
Thoughts
Eu sei que existe um lado masoquista em nós, mas alguns chegam a extremos. Hora de se desvincular. Não to conseguindo..
Lado Negro
Há palavras que não quero escutar
Decisões que prefiro não tomar
Caminhos que não quero percorrer
Frases que não quero ler
Momentos que desejo não lembrar
Pessoas com quem não quero conversar
Algumas nem quero rever
Outras quero apagar
Quero me desapegar
Tantas coisas que não quero renunciar
Lugares que não quero voltar
Mensagens que quero deletar
Fotos que quero rasgar
Situações que não quero enfrentar
Segredos que não quero compartilhar
Fatos da tua vida que quero desconhecer
Portas que prefiro não abrir
Mágoas que quero abandonar
Saudade que só quero ver partir
Medos que querem me paralisar
Idéias que quero abortar
Manhãs que não quero acordar
Dias que não quero viver
Noites que só quero dormir
Instantes que quero ver passar
Responsabilidades que não quero ter
Dores que não quero sentir
Perdas que não consigo suportar
Páginas que quero queimar
Pensamentos que não me largam
Neuroses que me atormentam
Ai de mim, se eu pudesse me programar
Fechar os olhos, hibernar
Queria tanto saber me sabotar
Fingir um mundo que não é meu
Me esquecer por apenas alguns segundos
Escuto a minha voz que sempre fala
Tem coisas que não há escolha!
Quando a minha cabeça deveria dizer, cala a boca!
Eliana Westrupp
Decisões que prefiro não tomar
Caminhos que não quero percorrer
Frases que não quero ler
Momentos que desejo não lembrar
Pessoas com quem não quero conversar
Algumas nem quero rever
Outras quero apagar
Quero me desapegar
Tantas coisas que não quero renunciar
Lugares que não quero voltar
Mensagens que quero deletar
Fotos que quero rasgar
Situações que não quero enfrentar
Segredos que não quero compartilhar
Fatos da tua vida que quero desconhecer
Portas que prefiro não abrir
Mágoas que quero abandonar
Saudade que só quero ver partir
Medos que querem me paralisar
Idéias que quero abortar
Manhãs que não quero acordar
Dias que não quero viver
Noites que só quero dormir
Instantes que quero ver passar
Responsabilidades que não quero ter
Dores que não quero sentir
Perdas que não consigo suportar
Páginas que quero queimar
Pensamentos que não me largam
Neuroses que me atormentam
Ai de mim, se eu pudesse me programar
Fechar os olhos, hibernar
Queria tanto saber me sabotar
Fingir um mundo que não é meu
Me esquecer por apenas alguns segundos
Escuto a minha voz que sempre fala
Tem coisas que não há escolha!
Quando a minha cabeça deveria dizer, cala a boca!
Eliana Westrupp
domingo, outubro 10, 2010
Amelie Poulain
"São tempos difíceis para os sonhadores..."
A felicidade ainda está nas coisas simples da vida:
Uma música que parece escrita pra ti, ouvi-la bem alto.
Sorriso matinal de quem se gosta, café com leite
Mãe, pai e irmãos
Chorar, gargalhar
Andar de mãos dadas, dormir junto
Cantar mesmo desafinada, dançar do seu jeito
Reencontrar um amigo, ganhar um novo amigo
Silêncio não constrangedor, conversa sem fim
Chop, uma torre de chop ou apenas uma taça de vinho
Um bom filme, até um filme razoável
Experimentar uma comida nova, sempre amar sorvete
Viajar, redescobrir velhos lugares
Uma escadaria, um papel de parede
Uma roupa nova, aquele pijama velho
Correr 10km, dedicar o dia a preguiça
Uma lembrança, um segredo, uma confidência
Álbum de fotos, cartas de amor
Um beijo de carinho, um beijo de desejo
Se apaixonar, se descobrir e se reinventar
Fazer planos, sair sem destino
Um sonho, um delírio, uma utopia
Um desafio, uma conquista
Perder 2kg, deleitar-se, ah a gula!
Ler um livro, reler os bons
Andar descalça, dormir nua
Uma paixão, um amor pra toda vida
Cheiro de mãe, de chuva, cheiro dele nos lençóis
Uma expectativa, uma certeza
Um dia de sol, banho de mar, barulho das ondas
Rir de si mesmo, fazer caretas no espelho
Ser constante, ser contraditório
Amar, saber-se amado
Calar-se, mostrar-se e brincar de poeta!
Ter saudade de um tempo que não volta mais e ânsia pelo que ainda está por vir.
Eliana Westrupp
A felicidade ainda está nas coisas simples da vida:
Uma música que parece escrita pra ti, ouvi-la bem alto.
Sorriso matinal de quem se gosta, café com leite
Mãe, pai e irmãos
Chorar, gargalhar
Andar de mãos dadas, dormir junto
Cantar mesmo desafinada, dançar do seu jeito
Reencontrar um amigo, ganhar um novo amigo
Silêncio não constrangedor, conversa sem fim
Chop, uma torre de chop ou apenas uma taça de vinho
Um bom filme, até um filme razoável
Experimentar uma comida nova, sempre amar sorvete
Viajar, redescobrir velhos lugares
Uma escadaria, um papel de parede
Uma roupa nova, aquele pijama velho
Correr 10km, dedicar o dia a preguiça
Uma lembrança, um segredo, uma confidência
Álbum de fotos, cartas de amor
Um beijo de carinho, um beijo de desejo
Se apaixonar, se descobrir e se reinventar
Fazer planos, sair sem destino
Um sonho, um delírio, uma utopia
Um desafio, uma conquista
Perder 2kg, deleitar-se, ah a gula!
Ler um livro, reler os bons
Andar descalça, dormir nua
Uma paixão, um amor pra toda vida
Cheiro de mãe, de chuva, cheiro dele nos lençóis
Uma expectativa, uma certeza
Um dia de sol, banho de mar, barulho das ondas
Rir de si mesmo, fazer caretas no espelho
Ser constante, ser contraditório
Amar, saber-se amado
Calar-se, mostrar-se e brincar de poeta!
Ter saudade de um tempo que não volta mais e ânsia pelo que ainda está por vir.
Eliana Westrupp
segunda-feira, maio 31, 2010
Ambiciosa - Florbela Espanca
"O amor dum homem? _Terra tão pisada,
Gota de chuva ao vento baloiçada...
Um homem? _Quando eu sonho o amor de um Deus!..."
Eh.. to meio azeda hj..
Gota de chuva ao vento baloiçada...
Um homem? _Quando eu sonho o amor de um Deus!..."
Eh.. to meio azeda hj..
O início..
"E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...
E não sou nada"
Trecho de Vaidade - Florbela Espanca
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...
E não sou nada"
Trecho de Vaidade - Florbela Espanca
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